terça-feira, 7 de julho de 2009

Módulo 4 - Referencial teórico-metodológico: Teoria das representações sociais

Texto Guia: MOSCOVICI, S. Representações sociais: investigações em psicologia social. Petrópolis: Vozes, 2007 (p. 29 a 109).

O texto apresenta a idéia de Serge Moscovici a respeito do fenômeno das representações sociais, mostra conceitos fundamentais para a compreensão do fenômeno das representações e também para compreensão de sua teoria. Moscovici, nesse texto, estrutura sua linha argumentativa em sete partes: da primeira até a terceira parte, ele destrincha as principais idéias e pontos argumentativos a respeito do que chamou do fenômeno das representações sociais (o pensamento como ambiente, natureza das representações, universos consensuais e reificados); na quarta e quinta partes, aponta os elementos constituintes da teoria das representações (ancoragem, objetivação e causalidades); por fim, na sexta e sétima partes, Moscovici coloca pontuações dos aspectos metodológicos e considerações finais a respeito do fenômeno.

Porém, antes de abordar de uma maneira integrada o conteúdo do texto, acredito que seja pertinente levar em consideração aspectos contextuais que vão ajudar a esclarecer alguns elementos presentes na estrutura argumentativa do texto de Moscovici. Para isso, vamos tomar como referência a Psicologia e Psicologia Social enquanto ciência nas décadas de 1960 e 1970, já que foi nesta época que surgiu o nome de Serge Moscovici, no cenário de uma psicologia social européia que apontava um maior reconhecimento da dimensão social no estudo do comportamento dos indivíduos.

O fato é que depois de um crescimento na década de 60, a psicologia social, em torno de 1970, foi afetada por uma mudança de paradigma. Aliás, essa mudança de paradigma parece ter afetado todas as ciências sociais, inclusive a Psicologia de um modo geral. Iniciou-se assim, uma crise paradigmática que afetou bases teóricas, metodológicas e epistemológicas no âmbito da filosofia da ciência e como conseqüência teve a diminuição da influência do positivismo lógico. Desse modo, novos paradigmas surgiram e/ ou tiveram um maior desenvolvimento, como por exemplo, o caso do interacionismo simbólico (uma das correntes da psicologia social sociológica) e um dos assuntos estudados no módulo 2 desta disciplina.

Essa crise indicou fragilidades em modelos experimentais considerados como modelos hegemônicos na época para Psicologia enquanto ciência. Assim, tanto o modelo behaviorista - baseado no esquema: estímulo -> resposta (E->R), no qual o indivíduo é considerado um respondente das condições ambientais em que está inserido e comportamentos são respostas a situações consideradas reforçadoras ou não reforçadoras; como o modelo cognitivista - baseado no esquema: estímulo-> cognição -> resposta (E->O->R) com uma concepção “mentalista” individual, de um indivíduo que processa informações como resultado de uma atividade individual cognitiva, começaram a ser questionados dando espaço para outros modelos baseados em novas concepções e novos métodos.

Nesse contexto, apesar de a psicologia social parecer relativamente alheia à influência das correntes behaviorista e cognitiva da psicologia, pois desde seus primórdios a psicologia social teve como enfoque a concepção de um indivíduo social. Mas por ainda não romper totalmente com a lógica positivista, diante dos fatos, ficou mais legitimada a renunciar conceitos vinculados a uma concepção científica natural e a idéia da experimentação como método de pesquisa mais adequado.

Desse modo, se fortalece uma psicologia social que já apresentava duas tendências de pensamento: 1- psicologia social psicológica, tradição norte-americana, baseada em um modelo cognitivo social mais centrado a aspectos individuais; 2 – psicologia social sociológica, tradição européia, reinvidicava uma identidade própria e diferenciada da psicologia social, apesar de não transpor totalmente os limites da psicologia social tradicional, defendia a realização de pesquisas mais relevantes do ponto de vista social. Essa corrente de tradição européia da psicologia tem Serge Moscovici (1928) como um dos pesquisadores mais representativos já que a teoria das representações sociais desenvolvida por ele teve grande impacto na psicologia social como um todo.

O início da teoria das representações sociais desenvolvida por Moscovici em 1961 está na investigação realizada sobre a difusão da psicanálise na população francesa em 1950. A pesquisa tinha como objetivo principal analisar o conteúdo das notícias publicadas na imprensa e nos resultados obtidos em um levantamento realizado a partir de uma grande amostra da população francesa, conhecer como os conceitos gerados na teoria psicanalítica eram utilizados no dia-a-dia por diferentes grupos sociais franceses (p286).

Atualmente Serge Mosvovici é diretor do Laboratoires Européen de Psychologie Sociale (Laboratório Europeu da Psicologia Social, que ele co-fundou em 1975 em Paris; é membro do Europen Avademy of Sciences and Arts, da Légion d’honneur e do Russian Academy of Sciences (http:// www.serge-moscovici.fr/). Agora que já foi feita uma breve recapitulação e contextualização sobre a psicologia social e Moscovici, acredito que teremos um melhor embasamento para apresentar e discutir as principais idéias do texto.

O texto é iniciado com a argumentação do pensamento considerado como ambiente, nota-se aí, ao meu entender, influencia do aspecto da linguagem científica natural utilizada pelo behaviorismo na época. Moscovici acredita que existe a necessidade do homem compreender o mundo de alguma forma, como também um medo instintivo do homem de poderes que não pode controlar e uma tentativa de poder compensar essa impotência imaginativamente.
Por isso, Moscovici apresenta dois tipos de pensamento que fundamentam a compreensão do mundo para o homem: 1- pensamento primitivo, ciência e senso comum que tem como característica a crença no poder ilimitado da mente, conformar a realidade, penetrá-la, ativá-la, determinar o curso dos acontecimentos; 2- pensamento científico moderno que tem como característica poder ilimitado dos objetos, conformar o pensamento, determinar completamente sua evolução e de ser interiorizado na e pela mente. Em resumo teríamos:

Pensamento Primitivo
— Age sobre a realidade
— Objeto emerge como réplica do pensamento
— Desejos se tornam realidade

Pensamento Científico Moderno
— Reage à realidade
— Pensamento é uma réplica do objeto
— Pensar para transformar a realidade em nossos desejos, despersonalizá-los


Segundo Moscovici, as duas atitudes são simétricas e têm a mesma causa já apresentada no parágrafo anterior: o medo instintivo do homem de poderes que ele não pode controlar e sua tentativa de poder compensar essa impotência imaginativamente. Porém existe uma diferença básica entre a mente primitiva e a mente científica, a primeira se amedronta diante das forças da natureza enquanto a segunda se amedronta diante do poder do pensamento. De fato, o que esses dois tipos de articulação do pensamento representam é um aspecto real da relação entre nossos mundos externo e interno.

Como a psicologia social é uma manifestação do pensamento cientifico, quando estuda o sistema cognitivo pressupõe: 1-indivíduos normais reagem a fenômenos, pessoas ou acontecimentos do mesmo modo que os cientistas ou estatísticos, e compreender consiste em processar informações; 2- percebe-se o mundo tal como é e todas nossas percepções, idéias e atribuições são repostas a estímulos do ambiente físico ou quase físico.

Desse modo, Moscovici afirma: “o que nos distingue é a capacidade de avaliar seres e objetos corretamente, de compreender a realidade completamente; o que distingue o meio ambiente é a sua autonomia, sua independência com respeito a nós e a nossas necessidades e desejos” (p.30). Porém no dia a dia, alguns fatos comuns parecem contradizer aos dois pressupostos apresentados:

A) a observação familiar – conseguimos ver o que está diante de nossos olhos? Ex. os velhos pelos novos e os novos pelos velhos
B) alguns fatos aceitáveis sem discussão, repentinamente transformam-se em ilusões (aparência X realidade)
C) reações aos acontecimentos – repostas aos estímulos estão relacionadas a determinada definição comum aos membros que pertencem uma determinada comunidade Ex. acidente na estrada

Esses fenômenos estão relacionados com aspecto que Moscovici chamou natureza convencional e prescritiva das representações. Se levarmos em consideração a argumentação de Moscovici de o pensamento ser considerado como um ambiente, as representações possuem precisamente duas funções:

A) Convenção dos objetos, pessoas e acontecimentos – daí o aspecto da natureza convencional (ex. A Terra é redonda, comunismo-> cor vermelha), mesmo quando uma pessoa ou objeto não se adequam exatamente ao modelo. Essas convenções possibilitam conhecer o que representa o quê ( exs. Duchamp; os criminosos de guerra), por isso Moscovici ressalta que nenhuma mente está livre dos efeitos de condicionamentos anteriores que lhe são impostos por suas representações, linguagem ou cultura. Desse modo, o ato de pensar é realizado através de uma linguagem, os pensamentos são organizados de acordo com um sistema que está condicionado, por representações e cultura.

Mas, como não podemos nos libertar das convenções e estamos presos a alguns preconceitos o que nos resta, segundo Moscovici, é reconhecer que as representações constituem um tipo de realidade.

B) as representações são prescritivas – impõe-se com uma força irresistível, a força como uma combinação de uma estrutura que está presente antes mesmo do ato de pensar e de uma tradição que decreta o que de ser pensado Exs. Jargões psicanalíticos e uso de termologias “louco” “neurótico. O poder e a claridade peculiares das representações deriva do sucesso com que elas controlam a realidade de hoje e da continuidade que isso pressupõe.

Para Moscovici, essas representações são entidades sociais com vida própria, comunicando-se entre elas, opondo-se mutuamente e mudando em harmonia com o curso de vida. Nossas inter-relações e nosso pensamento coletivo que estão implicados nisso e transformados. Ex. Caso APA...

Para concluir o raciocínio em relação a natureza das representações Moscovici afirma que o que se percebe e se imagina, essas criaturas do pensamento, que são as representações, terminam em se constituir em um ambiente real, concreto. O que é invisível é inevitavelmente mais difícil de superar do que o visível.

Mas o que seriam essas representações? Moscovici acredita que toda interação humana envolve algum tipo de representação, por isso para ele as representações são acontecimentos em que elas estão psicologicamente representadas em cada um dos participantes. Tenta-se dar significado as informações que se recebe, isso está ligado a um controle das representações de não possuir outro sentido, além do que elas dão a ele.

Porém existe uma natureza da mudança na qual as representações sociais se tornam capazes de influenciar o comportamento do indivíduo participante de uma coletividade, pois como são criadas no pensamento individual e aparecem quase como objetos materiais (produtos de ações e comunicações) possuem vida própria circulam se encontram se atraem e se repelem e dão oportunidade ao nascimento de novas representações enquanto velhas representações morrem.

Além disso, sendo compartilhada por todos e reforçadas por sua tradição, ela constitui uma realidade social. Quanto mais sua origem é esquecida e sua natureza convencional é ignorada mais fossilizada ela se torna, ideal gradualmente materializado. Para Moscovici a tarefa principal da psicologia social é estudar as representações, propriedades, origens e seus impactos.

Então o que seria uma sociedade pensante? Moscovi acredita que quando estudamos representações sociais nós estudamos o ser humano – que faz perguntas e repostas que pensa e não apenas enquanto ele processa informação e se comporta, de fato o que Moscovici quer observar e compreender através do estudo é:

A) das circunstâncias em que os grupos se comunicam, tomam decisões e procuram tanto revelar, como esconder algo (as mentes não são caixas pretas dentro de uma caixa preta maior)

B) das suas representações e crenças (presença de uma ideologia dominante? Reproduzir e ser reproduzido)

Ao propor isso ele quer compreender a realidade através das inter-relações sociais, comunicação social e não apenas pelo contato com o mundo externo.

Dessa forma, os acontecimentos são como alimento para o pensamento, nesse caso a visão da psicologia social vai se apresentar como um contraponto a visão de Durkheim e da sociologia, que tem como proposta entender o dinamismo interno, com a proposta de Moscovici de entender como um fenômeno o que antes era visto como conceito:

A) As representações sociais devem ser vistas como uma maneira específica de compreender e comunicar o que nós já sabemos
B) Durkheim, fiel a tradição aristotélica e Kantiana possui uma concepção estática dessas representações – algo parecido com a dos estóicos

Acredito que, nesse momento, um dos pontos interessantes a ser colocado para discussão da disciplina – mídia e cibercultura- é a nova configuração das representações sociais com a cibercultura? Moscovici em algum momento do texto fez analogia a um homem sentado na frente da televisão, podemos fazer uma releitura e fazer uma nova analogia desse homem sentado em frente ao seu notebook ou usando o seu celular?

Voltando ao texto, que lugar teria essas representações em uma sociedade pensante? Para falar sobre esse tópico, Moscovici discute os conceitos das ciências sagradas e profanas que consequentemente vai resultar na discussão dos universos consensuais e universo reificados.

A princípio, segundo Moscovici, existe uma esfera sagrada – digna de respeito e veneração e mantida longe das atividades intencionais humanas e uma esfera profana que cabe executar atividades triviais e utilitaristas. Essas esferas pertenceriam a mundos separados e opostos que em diferentes graus, determinam, dentro de cada cultura e de cada indivíduo, as esferas de suas forças próprias e alheias.

Porém dentro de um contexto social o que nós podemos mudar e o que nos muda? Na articulação dessas verdades existem espaços entre o que pertence a nossa obra (opus proprium) e o que é obra alheia (opus alienum). Para Moscovici essa discussão foi abandonada e substituída, segundo o autor, por outra discussão mais básica: universos consensuais (sociedade é uma criação visível, contínua, permeada com sentido e finalidade, voz humana) e universos reificados (sociedade é vista como um sistema de diferentes papéis e classes, os membros são desiguais).

Existirão verdades que transitará entre o “nós” e o “eles”. No meu entendimento, um acontecimento é compreendido a partir de diferentes perspectivas, por exemplo, uma tempestade tem uma compreensão a partir de explicações fundamentadas cientificamente que um geógrafo fornece para um repórter de um telejornal (universo reificado), diferentes indivíduos vão se apropriar das informações a respeito do fato - tempestade – e significar e re-significar a medida que forem interagindo com diferentes grupos ( universo consensual). È assim que um objeto, a priori, não familiar vai se tornando familiar. Esse objeto pode ser um acontecimento, um fato, um assunto ou uma pessoa e o mecanismo é feito num processo dinâmico de significação e re-significação, a partir das interações do cotidiano com pessoas que pertencem a diferentes grupos.

Para desenvolver o tópico o familiar e o não familiar, o autor parte de dois pressupostos:

A) as representações sociais devem ser vistas como uma “atmosfera”, em relação ao indivíduo ou ao grupo

B) as representações são, sob certos aspectos, específicas de nossa sociedade
“...a finalidade de todas as representações é tornar familiar algo não familiar, ou a própria não familiaridade.” (p.54)

Para complementar a idéia, apresenta três hipóteses:

1- desiderabilidade – pessoa ou grupo procura criar imagens, construir sentenças para revelar ou ocultar intenções; imagens e sentenças distorções subjetivas de uma realidade objetiva;

2-desequilíbrio- todas as ideologias, concepções de mundo como meio para solucionar tensões psíquicas ou emocionais, compensações imaginárias, que teriam finalidade de restaurar um grau de estabilidade interna;

3-Controle- os grupos criam representações para filtrar informação que provém do meio ambiente e dessa maneira controlam o comportamento individual
O familiar pode ser considerado algo compartilhado, comum a todos;

O não familiar para Moscovici significa a presença real de algo ausente, a “exatidão relativa” de um objeto; ato da re-apresentação meio de transferir o que perturba, o que ameaça um universo, do exterior para o interior, do longínquo para o próximo.

Agora que o autor apresentou sua argumentação no sentido de considerar as representações sociais não apenas como uma conceituação teórica, mas como um fenômeno, ele apresenta dois componentes geradores desse processo: ancoragem e objetivação. Inicia argumentando que os mundos reificados aumentam com a proliferação das ciências e muitas vezes o que já se acreditou ser verdade um dia, hoje pode não ser mais. Para Moscovici, a ancoragem – forma categorias, cristalizar novas idéias, classificar dar nomes a alguma coisa, por isso a teoria das representações sociais basicamente traz duas conseqüências:

1- exclui a idéia de pensamento ou percepção que não possua ancoragem
2- E o objetivo principal dessa “categorização” é facilitar a interpretação de características, compreensão de intenções e motivos subjacentes às ações de pessoas

Já a objetivação, resumidamente, une a idéia de não-familiaridade com realidade, torna-se verdadeira a essência da realidade – física e acessível – toda representação torna real – Lewin. A dinâmica: A imagem – a palavra – a representação como réplica da realidade.

Além desses aspectos teórico constituintes das representações como a busca da compreensão do mundo para organizar comportamento e atitudes, existe um outro fenômeno que segundo Moscovici também pertence a natureza humana é a busca do “porquê”, devido a necessidade de decodificar todos os signos que existem em nosso ambiente social... “não existe fumaça sem fogo”. Moscovici classificou como explicações bi-causais e mono-causais. Para ele, o pensamento é bi-causal e não mono-causal, ou seja, estabelece uma relação de causa e efeito e uma relação de fins e meios por isso existe uma causalidade primária (finalidade) e uma causalidade secundária (causa e efeito). Além disso, existe a causalidade social que está relacionada a teoria das atribuições e inferências que os indivíduos fazem e também da transição de uma para a outra, por exemplo, a reposta para pergunta: - Por que um determinado homem ou uma mulher não tem trabalho? Vai depender do ponto de vista de quem fala, isso porque envolve aspectos de atribuição de acordo com a perspectiva individual que cada um.

Desse modo, Moscovici encerra sua linha argumentativa para os aspectos teóricos sobre as representações sociais e inicia sua fala em relação aos aspectos metodológicos. O autor aponta a relevância desses pressupostos teóricos para pesquisa e apresenta um levantamento das primeiras pesquisas realizadas em representações sociais, afirma que seja qual for o objetivo específicos dessas pesquisas elas devem compartilhar de quatro princípios metodológicos, já que agrupa alguns temas metodológicos comuns e ligações com outras ciências sociais que para ele são:

A) Obter o material de amostras de conversações normalmente usadas na sociedade – levando em consideração que a conversação está no centro de universos consensuais
B) Considerar as representações sociais como meios de re-criar a realidade – o que cria é um referencial uma entidade ao qual se refere que é distinto de qualquer outra coisa e corresponde à representação de alguém sobre ela
C) Que o caráter das representações sociais é revelado especialmente em tempos de crise e insurreição – por conta do caráter de mudança no qual as pessoas ficam mais propensas a falar; os indivíduos são motivados por um desejo de entender um mundo cada vez não familiar e perturbado, as memórias coletivas são excitadas e o comportamento se torna mais espontâneo
D) Que as pessoas que elaboram tais representações sejam vistas como algo parecido a “professores” amadores e os grupos que formam como equivalentes modernos daquelas sociedades de professores amadores que existiam há mais ou menos um século
Moscovici conclui essa parte metodológica enfatizando os ganhos que o estudo do fenômeno das representações sociais trouxe: considerando que explica como uma teoria passa para outra de um nível cognitivo ao outro, tornando-se uma representação social sem desconsiderar fundamentos políticos e religiosos, além de especificar como uma representação molda a realidade criando novos tipos sociais.
Outro ponto também é o estudo do problema dos meios de comunicação de massa e seu papel no estabelecimento do senso comum, apresentando suas principais fases:

A) fase científica da sua elaboração – a partir de uma teoria, por uma disciplina científica (ex. biologia);
B) fase representativa em que ela se difunde dentro de uma sociedade e suas imagens conceitos e vocabulários são difundidos e adaptados;
C) fase ideológica em que a representação é apropriada por um partido, uma escola de pensamento ou um órgão do estado. Toda ideologia possui pelo menos dois elementos: um conteúdo (derivado da base) e uma forma (que provém de cima), dá acesso ao senso comum uma aura científica.

Moscovici faz uma releitura do behaviorismo colocando em face a psicologia social e a sua mais nova contribuição a teoria das representações sociais, que desse modo seriam variáveis independentes e dessa forma as representações determinam tanto o caráter do estímulo como a resposta que ele incita, propondo um novo modelo no qual as representações determinam tanto o caráter do estímulo, como a resposta que ele incita. Moscovici apresenta também algumas situações da teoria das representações sociais como fenômeno no laboratório, no meu entender, mais um aspecto para aproximar das ciências naturais, apesar de a princípio ter outra proposta mais ligada a observação.

Por fim, Moscovici encerra o texto considerando quatro principais implicações do estudo das representações: 1-os aspectos simbólicos presentes nas interações e o mundo dos universos consensuais em que nós habitamos; 2- o uso de métodos observacionais e 3-descritivos na medida em que se propõe a compreender as especificidades dos fenômenos, levando em consideração o contexto histórico – 4-tempo – em que o indivíduo está inserido e que vai influenciar em todo seu desenvolvimento desde a primeira infância.

Acredito que a teoria das representações sociais tenha bastante contribuição para a pesquisa e embasamento teórico de todos os colegas, considerando as quatro implicações apontadas por Moscovici no encerramento do texto e adequando para a realidade da mídia e cibercultura na atualidade, o que está em jogo diante desse novo contexto? De fato, os aspectos do conteúdo do texto foram apresentados de maneira bastante resumida, mas acredito que foram apresentados os pontos centrais do texto na resenha.


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